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© 2017 Fotos por Diana Magalhães

Participantes:

Denise Espirito Santo
Giselle Magioli

Ítala Isis

Ana Clara

Diana Magalhães

Rita Diva

Danielle Anatólio

Kaline Leigue

Larissa Bery

Darlene Santos

Flora Bulcão

Tatiana Villela

Davi Cunha

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sobre a residência

​

por danielle anatólio

A residência artística foi um momento fundamental para o grupo se tornar o que hoje é. Um grupo de mulheres e diferentes etnia, raça, regionalidade, idade, diferentes bagagens de vida e de profissão. Em Sana pudemos nos  conhecer, já que antes tivemos apenas 2 ou 3 encontros nos quais ficamos juntas 3 horas. Dividir quarto, responsabilidades na casa, cozinhar juntas, dançar, divertir, refletir e trocar conhecimento vivendo no mesmo espaço foi fundamental para fortalecer nossos laços. Ou melhor, os laços começaram em Sana, distrito importante que gostaria de ressaltar.

 

Como diria minha avó, seja onde quer que estejamos, “a gente que faz o ambiente”, mas se estamos num lugar que contribui com a proposta de trabalho, tudo flui ainda mais. Somos mulheres que vivemos “um batidão” cotidiano muito pesado: trabalhar, estudar, cuidar de casa, cuidar de planta, dos bichos, dos afetos, correria, correria... Muita coisa ao mesmo tempo e tudo isso dentro de uma cidade que eu chamo de “cidade-ventania”, o Rio de Janeiro é uma loucura! Muito movimento a todo instante e, no momento, um caos político profundo, uma conjuntura que mais nos afunda do que nos eleva. Enfim, realizar a residência em Sana foi, do ponto de vista energético, muito bom para as relações. Outro tempo. Um tempo de respirar. Tempo de água doce...Serras, pasto, comida caseira, gente humilde, chuva, cachoeira... Tudo isso muda a vibe e contribui para o centramento das energias. Foi lindo! Não bastasse a localidade nossas trocas também foram potentes, a presença de Davi que ministrou o trabalho corporal numa intensidade frenética nos desafiando e ampliando nosso conhecimento; o carinho de Ítala, Ana Clara e Diana, sempre de “fora” da roda, mas ao mesmo tempo literalmente dentro, participando junto conosco dos desafios e, por fim, a magnitude com que Denise consegue encabeçar um grupo sem fazer com que os outros membros “do corpo” fiquem estáticos. Uma horizontalidade e generosidade gigantes.

 

O que mais me marcou nessa residência foi o dia em que fizemos uma fogueira à noite e sentamos em volta do fogo cantando e conversando. Eu nunca mais na vida havia feito isso, talvez a última vez tivesse uns 8 anos. Esse dia eu dormi tão plena e tão leve. Pode parecer algo tão bobo e simples, mas foi extremamente relevante para mim que sou regida por Fogo e acredito no poder das energias. No dia seguinte meu poder de criação artística teve latente, como se algo na roda de Fogo tivesse sido ativado.

 

Ah, não poderia deixar de comentar também nossa parada numa cidadezinha a qual esqueci o nome, onde paramos para comer pão-de-queijo e fizemos uma foto gritando: UERJ RESISTE! UERJ RESISTE! UERJ RESISTE! São tempos fúnebres que vivemos e por mais simples e simbólico que seja ativar nossa resistência tem sido urgente, mais que necessário. Encerra-se a residência em Sana, voltando para casa, ao atravessar a ponte de Niterói nos deparamos com gigantescos tanques de guerra do exército... Voltamos ao caos, à luta, à batalha cotidiana na grande cidade metida a new York. Chegamos ao Rio de Janeiro e a impressão que fica é que saímos do céu para o inferno. Morremos? Desistimos? NÃO! Cá estamos resilientes e persistentes com o projeto Medeia e, sobretudo, com a VIDA! SEGUE O BAILE.
FORA CRIVELLA. FORA TEMER. FORA DESGRAÇAS!!!

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(DATA: 10 A 16-08-2017)

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