" [...] A apresentação do experimento cênico na cidade de Juiz de Fora, durante o  e 1° Encontro Sala Giz de Teatro Poéticas do Corpo. Ali aconteceu minha estreia no projeto como atriz/performer. Desde o princípio do projeto, no entanto, eu já participava dos laboratórios cênico-corporais realizados durante as residências artísticas. Eu e Denise Espírito Santo, idealizadora do projeto e diretora dos experimentos cênicos, sempre ocupamos esse lugar de dentro-fora da cena. Foi com alegria e certo frio no estômago que recebi o convite de Denise para substituir duas atrizes, que por diversas razões, não puderam continuar no processo. A apresentação em Juiz de Fora aconteceu pouco depois da notícia do assassinato da vereadora Marielle Franco, pessoa pela qual eu nutria especial carinho e com a qual havia trabalhado antes de sua entrada efetiva na política representativa. Nosso estudo teórico dentro projeto teve, como uma das principais referências, a pesquisa de Rita Segato sobre feminicídio. A autora propõe, em seu livro “La escritura em el cuerpo de las mujeres asesinadas em Ciudad Juárez: Território, soberania y crímenes de segundo estado”, pensar a ideia de feminicídio como algo distinto da violência com motivações sexuais. Trata-se de uma espécie de violência como linguagem, ou seja, como ato comunicativo a um determinado grupo social, cuja superfície de escritura é o próprio corpo das mulheres assassinadas. No momento em que recebi a notícia do assassinato de Marielle, a vida e o estudo teórico se encontraram cruelmente. A apresentação em Juiz de Fora, onde acrescentamos o poema de Conceição Evaristo em homenagem à Marielle, teve para mim, um sentido de vivência do luto e, ao mesmo tempo, um sentido de luta através da arte. "

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